domingo, 12 de dezembro de 2010

Conceitualização do termo


Antes de considerar o grau de importância do elemento figurino, é preciso começar definindo-o. Para mim, que trabalho há mais de dez anos criando e produzindo figurinos, ele é chamado de traje, que é usado por um ou mais personagens de produções artísticas, independentes de sua linha (teatro, dança, cinema, musicais, entre outros.).
Para que haja uma melhor compreensão na abordagem que será feita sobre o elemento figurino, segue a definição de alguns estudiosos para o termo:

 
O FIGURINO – também chamado vestuário ou guarda-roupa – é composto por todas as roupas e os acessórios das personagens, projetados e/ou escolhidos pelo figurinista, de acordo com as necessidades do roteiro e da direção da película e as possibilidades do orçamento. O vestuário ajuda a definir o local onde se passa a narrativa, o tempo histórico e a atmosfera pretendida, além de ajudar a definir características das personagens. 
COSTA, Francisco Araújo da. Análise filmica – o figurino como elemento essencial da narrativa. Sessões do Imaginário. Porto Alegre, nº 8 (agosto). Semestral. FAMECOS/PUCRS, 2002, p.38.


[...] é um traje ‘mágico’ - um traje que possibilita, por um tempo, o ator ser outra pessoa. Como a capa de Próspero, que concentrava seu poder sobrenatural sobre os ventos e os mares. A roupa do ator, ajuda a concentrar o poder da imaginação, expressão, emoção e movimento dentro da criação e projeção do caráter do espetáculo.
CUNNINGHAM, Rebecca. The Magic Garnment. Principles of Costume Design. Nova York: Congman, 1984, p.01.


Com base nas definições acima, é coerente compreender que o figurino é mais do que um simples traje, mais que uma roupa, pois ele possui uma bagagem, um repertório, um conjunto de mensagens implícitas visíveis e que não ultrapassa o limite sobre todo o panorama do espetáculo, além de possui funções específicas dentro do contexto e perante o público, ora com grau maior, ora menor.
Como vestuário, ele passa a ser compreendido como um conjunto de trajes e acessórios ornamentais, que plasticamente reveste e se articula ao corpo humano, podendo "dizer" ou "significar", inclusive, o que a palavra, muitas vezes, omite ou não consegue expressar por seus recursos inerentemente característicos de representação. Se no cotidiano, como salienta Umberto Eco, “O hábito fala pelo monge, o vestuário é comunicação, além de cobrir o corpo da nudez, ele tem outras finalidades” [1]. No espetáculo ele é capaz de criar reis, bandidos, mulheres do povo, ninfas e deusas, tudo o que a imaginação desejar. 


[1] ECO, Umberto. SIGURTÁ, Marino. ALBERONI, Francisco. DORFLES, Gillo. LOMAZZI, Giorgio. Psicologia do Vestir. Lisboa: Assírio e Alvim,1989, p.71. 3ª. edição.
 

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